05 abr Inovação Aberta: um novo patamar para a inovação corporativa
05/04/2022
Conheça a Inovação Aberta, processo que traz vantagens competitivas para as empresas e pode ser a garantia de sustentabilidade a médio e longo prazos
Inovação em seu conceito mais básico consiste em criar algo novo e, na perspectiva do mundo corporativo, o “algo novo” precisa estar alinhado com as expectativas e necessidades do mercado.
Mas, para um processo de inovação ideal, essa deve ser a única restrição. Em todos os outros quesitos, o pensamento deve ser o mais abrangente possível: uma nova solução para os clientes, um novo produto mais eficiente, uma nova forma de produção ou comercialização que reduz custo, etc. Todas as possibilidades podem e devem ser consideradas.
Inovação Tradicional X Inovação Aberta
Melhoria e inovação são valores que sempre estiveram em evidência em empresas que buscam se destacar no mercado. Há pouco tempo as empresas ainda desenvolviam suas tecnologias internamente, criando seus próprios laboratórios e equipes especialistas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e controlando todas as etapas do processo, desde a ideação até o lançamento no mercado.
No entanto, nos últimos anos o conhecimento está mais distribuído e global e os avanços tecnológicos estão tão complexos, que mesmo grandes companhias perceberam não ser mais possível incorporar ao time e à estrutura própria todo o know-how e os recursos necessários para desenvolver inovação internamente e que a colaboração com outros players permite alcançar os objetivos estratégicos mais rapidamente e de forma mais ampla.
Surge então o conceito disruptivo de Open Innovation – Inovação Aberta, em português. A definição foi criada em 2003 pelo pesquisador Henry Chesbrough, em seu livro Open Innovation: The New Imperative for Creating And Profiting from Technology, e assume que empresas devem utilizar conhecimento e estratégias internas e externas para levar inovação ao mercado em forma de novos produtos ou serviços.
Ou seja, a empresa deve analisar, fora da organização, onde estão os grandes avanços de conhecimento, invenções e alternativas de inovação para então estabelecer estratégias de relacionamento com diversos players – startups, centros de inovação e pesquisa, universidades, entre outros – a fim de acelerar melhores soluções e expandir o mercado. O envolvimento de diferentes agentes no desenvolvimento de novas solução trazem diferentes pontos de vista convergindo para o mesmo objetivo comum.
Tecnologias inicialmente desenvolvidas dentro de uma startup ou centro de pesquisa podem estar alinhadas às demandas de mercado de uma grande empresa, bem como a empresa pode acelerar o projeto de desenvolvimento de uma nova solução para o mercado.
Parceria ganha-ganha
O grande benefício é definir o formato de parceria ganha-ganha. Ganha a grande empresa que alcançará inovação a menores custos e em menor tempo, porque pode contar com tecnologias desenvolvidas por parceiros e com especialistas fora da corporação para as etapas de P&D.
Ganham as startups, centros de pesquisa e universidades que verão suas invenções atingirem o mercado mais rapidamente, com recursos financeiros extras e contando com a estrutura de uma grande empresa estabelecida no mercado.
Consequentemente, ganha toda a sociedade com acesso a produtos e serviços de melhor qualidade. Os riscos da inovação são reduzidos e os custos de desenvolvimento divididos. Todos ganham!
Formas de Inovação Aberta
A Inovação Aberta, como conceito amplo de colaboração para criação de novas soluções, pode ocorrer em diferentes formatos:
– Inbound: em que a empresa traz tecnologias externas para incorporar dentro de sua estratégia de inovação, gerando novos ou melhores produtos ou serviços – mais comum e empregada por grandes empresas;
– Outbound: no qual a empresa compartilha ou transfere tecnologias desenvolvidas internamente, que não serão incorporadas ao portfólio, para serem exploradas por outras entidades do ecossistema. Nesse formato é comum a criação de uma spin-off, ou seja, uma empresa derivada da primeira com um novo modelo de negócio.
– Coupled: é uma combinação dos dois formatos, em que o compartilhamento de conhecimento e tecnologia é compartilhado nos dois sentidos, para dentro e para fora da empresa.
Como implementar um programa de Inovação Aberta
A ideia da Inovação Aberta é exatamente não ter processos rígidos, é a mentalidade aberta para avaliar soluções nunca pensadas! Mas podemos identificar algumas etapas que são determinantes para o sucesso da implementação de um programa de Inovação Aberta. Existem empresas com metodologias e ferramentas para cada fase, como por exemplo hubs de inovação, que podem acelerar e facilitar a implementação do programa. Conheça as principais fases:
– Diagnóstico: para definição das estratégias de implementação do programa é essencial entender como a cultura de inovação está disseminada na empresa. É importante que todos estejam alinhados sobre como a inovação é o caminho para o crescimento e fortalecimento da empresa no mercado.
– Sensibilização e Conscientização: o sucesso do programa está diretamente ligado ao engajamento da equipe. Muitas ações podem ser adotadas para desenvolver e incentivar o mindset inovador dentro da empresa, desde o estímulo à participação dos funcionários em palestras e workshops sobre cultura de inovação até a promoção destes eventos e outros para networking. O fator importante é disseminar a cultura dentro da empresa, realizando treinamento de times mistos, compostos por colaboradores de diversas áreas, e promover rotação das pessoas envolvidas diretamente nos processos de inovação.
– Mapa de oportunidades: depois de entender e preparar a organização para o programa de Inovação Aberta, essa é a etapa de entender o ecossistema. É realizado um levantamento das potencialidades: onde estão os principais avanços, quais as temáticas, quais os principais players do mercado, como acessar esse ecossistema… Essa é uma fase crítica e o apoio de empresas especializadas pode ser um grande acelerador do processo.
– Parcerias estratégicas: agora é o passo-a-passo para assimilar o conhecimento e definir o modelo adequado de estruturação da Inovação Aberta, formalizar parcerias e efetivamente promover a inovação dentro e fora da empresa. Esse é o ponto em que as oportunidades identificadas se transformam em produtos, serviços ou melhorias, é o resultado final do programa de inovação.
Fatores para o sucesso do programa de Inovação Aberta
Diante desse cenário, alguns fatores podem ser levantados como essenciais para que o programa de Inovação Aberta atinja os objetivos estabelecidos, sendo eles:
– Confiança: todos os players precisam estabelecer uma relação de confiança em prol do objetivo comum – levar a inovação ao mercado;
– Comunicação: o grande desafio de qualquer organização ganha um papel de destaque quando mais players estão envolvidos. Ter cuidado no estabelecimento dos canais e formas de comunicação tornarão o processo mais tranquilo e seguro;
– Cultura: todos os funcionários e diretoria devem estar conscientes do papel da inovação no crescimento da empresa e engajados no programa;
– Processos: metodologias e ferramentas para implementar cada etapa do processo são fundamentais.
A Inovação Aberta efetivamente leva o processo de inovação dentro da empresa a outro patamar. Permite acessar invenções não pensadas previamente, promover trocas entre áreas diferentes, expandir o horizonte e o mercado e pode ser o diferencial de uma empresa a médio e longo prazo.
O relacionamento com hubs de inovação, a participação em eventos e na comunidade, a troca de experiência com o ecossistema e a mentalidade de inovação são processos de enorme aprendizado para as empresas e funcionários e são valores para os quais, mais do que nunca, a atenção está voltada.
O BiotechTown oferece propostas de estruturação do processo de Inovação Aberta, apoiando no desenvolvimento de cada fase de implementação de forma customizada, com metodologia e ferramentas próprias.
Por meio da diversificação de portfólio, internalização de processos ou mesmo se associando a startups, o hub de inovação pode auxiliar empresas que buscam se fortalecer na estratégia de inovação e atingir uma posição de vantagem competitiva no mercado.
Descubra como o processo de Inovação Aberta do BiotechTown pode auxiliar sua empresa.
Sobre a autora
Priscilla Mol Queiroz é Engenheira Química pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), com MBA em Gestão de Projetos pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), e PhD em Engenharia Metalúrgica e de Materiais, também pela UFMG.
Com mais de 7 anos de experiência em P&D no setor de biotecnologia e novos biomateriais para a área da saúde, inovação e empreendedorismo, Priscilla atuou no desenvolvimento e na gestão de projetos de unidades industriais em grandes empresas e atualmente é Analista de Desenvolvimento de Negócios no BiotechTown.