09 fev Como iniciar uma carreira em biotecnologia
09/02/2022
Conheça as principais opções para se trabalhar com biotecnologia e como iniciar uma carreira na área
Ciência que une a tecnologia ao estudo da vida, a biotecnologia existe há milhares de anos, mas o termo foi criado no início do século XX e tem ganhado cada vez mais espaço no mercado de trabalho. A conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde e o meio ambiente, em grande parte pelos acontecimentos atuais, tais como, a pandemia do novo coronavírus, o aquecimento global e o crescimento exponencial da população, levaram a biotecnologia a um novo patamar, sendo base de um novo ciclo econômico, focado na sustentabilidade e manutenção da vida, de uma forma em geral
Mesmo assim a biotecnologia ainda é um caminho desconhecido para muitas pessoas que estão iniciando uma carreira. Se este é seu caso, veja neste artigo algumas opções de graduação e de áreas para se trabalhar com a biotecnologia.
O que é biotecnologia
Segundo a Convenção Sobre Diversidade Biológica da ONU, “biotecnologia significa qualquer aplicação tecnológica que utilize sistemas biológicos, organismos vivos, ou seus derivados, para fabricar ou modificar produtos ou processos para utilização específica”.
Ou seja, biotecnologia nada mais é que a ciência que, a partir de organismos vivos, cria produtos para melhorar a forma como vivemos, usando de conhecimentos acadêmicos, experimentação e constante inovação.
Para um guia completo, acesse o artigo “O que é biotecnologia”.
Graduações possíveis
A Biotecnologia é um setor amplo e o caminho para esta carreira pode ser trilhado de diversas formas. Listamos abaixo algumas das principais graduações que capacitam o profissional a trabalhar com biotecnologia.
Embora não sejam as únicas, uma vez que esta área pode ser acessada de formas bem diversas, estas são as que têm grades curriculares mais próximas do dia a dia de um biotecnologista.
Biotecnologia
O curso de biotecnologia é a principal escolha para quem deseja atuar em um aspecto mais geral e menos focado do setor. Com duração média de 4 anos, a graduação tem em sua grade disciplinas como Biologia, Química, Bioquímica, Física e Informática.
Uma vez que foi planejado justamente para preparar um biotecnologista para o mercado de trabalho, este curso oferece uma capacitação ampla, abordando muitas áreas da biotecnologia de uma forma mais geral.
Biomedicina
Uma das opções mais comuns para os iniciantes em biotecnologia, a Biomedicina é o meio termo entre a Biologia e a Medicina e tem como focos principais as análises clínicas e a pesquisa sobre doenças e seus tratamentos. Portanto, a grade curricular da Biomedicina conta com disciplinas como Biofísica, Bioquímica, Genética, Farmacologia e Bioinformática.
O curso de Biomedicina tem duração média de 4 anos e ao ser concluído é necessário que o profissional se registre no Conselho Regional de Biomedicina (CRBM). O biomédico pode atuar em diversas áreas da biotecnologia, especialmente naquelas que demandam maior conhecimento em análises clínicas e afins.
Ciências Biológicas (Biologia)
Principal escolha de quem buscava estudar biotecnologia antes de surgir o curso específico para a área, as Ciências Biológicas estão focadas nos estudos dos seres vivos, como o próprio nome deixa claro.
Em várias Universidades é comum ter a disciplina Biotecnologia na grade curricular deste curso, o que demonstra a proximidade entre as áreas. A graduação também passa por assuntos como Genética, Imunobiologia, Biofísica e Bioquímica.
Farmácia
O curso de Farmácia é uma excelente oportunidade para ingressar no mercado de biotecnologia, uma vez que se destina a estudar a composição de medicamentos e outros itens como cosméticos e produtos para higiene.
Este foco da graduação está diretamente ligado a química e biologia e, muitas vezes, passa pelo aspecto tecnológico também. Além disso, este curso viabiliza vivência em laboratórios, característica importante para alguns trabalhos da biotecnologia.
Assim como o biomédico, o farmacêutico precisa se registrar após finalizar a graduação, neste caso no Conselho Regional de Farmácia (CRF).
Bioquímica
A Bioquímica é, de uma forma extremamente simplificada, uma união entre a química e a biologia e se dedica a estudar os processos químicos que acontecem em organismos vivos. Está, portanto, intimamente ligado à biotecnologia e é um curso que oferece muitas horas de aulas práticas em laboratórios e pode ser um grande diferencial no ingresso na carreira deste mercado.
O profissional em bioquímica pode atuar em indústrias, como de medicamentos, alimentícia ou de cosméticos, em laboratórios de análises ou na pesquisa e no desenvolvimento de novas proteínas, áreas que são totalmente biotecnológicas.
Por ser um curso já amplamente conhecido, é comumente ofertado.
Medicina
Sim, a medicina é um dos cursos disponíveis para quem deseja atuar na biotecnologia. Por estudar a anatomia e o funcionamento do corpo humano de uma forma profunda, os médicos estão aptos a desenvolver novas soluções biotecnológicas.
A graduação em medicina dura seis anos e pode ser prolongada por mais tempo caso exista a vontade de se especializar em alguma área. Por ser uma das graduações mais difíceis e de ingresso na faculdade mais concorrido, a medicina não é tão comum para quem busca especificamente trabalhar com biotecnologia, mas é uma opção.
O médico pode trabalhar em atendimentos ou na pesquisa, desenvolvendo novas formas de tratamentos. É justamente nesta pesquisa que se dá a biotecnologia por meio da medicina, quando os profissionais da saúde geram soluções inovadoras, como aparelhos para diagnósticos ou tratamentos de doenças.
Medicina Veterinária
Assim como a medicina humana, a medicina veterinária viabiliza ao seu profissional um vasto conhecimento de seres vivos, neste caso os animais. Portanto, o médico veterinário tem grande potencial de desenvolver soluções biotecnológicas voltadas para animais.
Desde tecnologias como hormônios para a reprodução de gado até soluções para animais com deficiência, a veterinária está estreitamente conectada à biotecnologia e é a principal opção para quem busca trabalhar com saúde animal.
A duração do curso é de 5 anos e ele é facilmente encontrado, uma vez que é uma profissão amplamente conhecida em todo o país.
Engenharias
Com a vasta oferta de cursos de engenharias, uma alternativa viável é optar por uma graduação em alguma engenharia correlata à biotecnologia. Listamos também algumas das principais opções:
Engenharia de bioprocessos
Este é um curso praticamente voltado para a biotecnologia, já que é voltado ao desenvolvimento de processos biológicos com um forte olhar industrial. Dentre as engenharias, é a que tem a grade curricular mais ligada à biotecnologia.
Engenharia agrícola
Outra opção de engenharia que está fortemente vinculada à biotecnologia, desta vez na produção alimentícia, é a engenharia agrícola. Este engenheiro trabalha desde o planejamento da produção agrária, até no desenvolvimento de maquinário para este setor.
Engenharia ambiental
Se a sua área de preferência dentro da biotecnologia é o meio ambiente, então a engenharia ambiental é uma das principais escolhas. Como o nome deixa claro, a engenharia ambiental é responsável por estudar processos que estão ligados à natureza.
Pós-graduação latu e stricto sensu
Além das diversas graduações, o mercado se torna ainda mais amplo com as opções de pós-graduação. Diversos cursos deste nível em biotecnologia estão disponíveis não somente para as graduações citadas, mas para qualquer área correlata à saúde, como Zootecnia, Ecologia, Nutrição e Ciências dos Alimentos.
Desta forma, a opção de iniciar uma carreira em biotecnologia pode ser feita mesmo após a conclusão de uma graduação, direcionando sua especialização e área de atuação para o setor, desde que tenha se graduado em uma área minimamente tangente ao assunto.
Existem dois tipos de pós-graduação: latu senso e stricto sensu. A primeira, lato sensu, são as especializações e os MBAs (Master Business Administration). Com carga horária mínima de 360 horas, este tipo de pós-graduação tem um viés mais profissional, aperfeiçoando o profissional para sua área de atuação de uma forma geral.
Já a stricto sensu é a pós-graduação conhecida como mestrado (e posteriormente o doutorado). Com tendências acadêmicas, este tipo de pós-graduação visa aprofundar o conhecimento do profissional em um assunto específico.
Interdisciplinaridade
Existe ainda a opção de interdisciplinaridade, que é basicamente a união de diferentes áreas em prol de adquirir um conhecimento específico. Esta é uma alternativa muito utilizada principalmente por empreendedores, que buscam uma certa exclusividade no que fazem para iniciar uma startup, por exemplo.
A Pineal 3D, startup investida pelo BiotechTown, por exemplo, uniu a tecnologia de projeção e impressão 3D (Engenharia e Design) com a Medicina Veterinária para criar órteses, próteses e cadeiras de rodas para animais.
Já a Phast conectou a Fisioterapia à área de Tecnologia da Informação (como Ciências da Computação e Sistema de Informação) para criar o Phast App, um aplicativo com algoritmo capaz de predizer lesões em atletas.
Desta forma, são inúmeras e desconhecidas as combinações possíveis, aumentando ainda mais o leque de possibilidades de ingresso e atuação na biotecnologia.
Opções de carreira
Assim como nas graduações, a biotecnologia é muito ampla também no mercado de trabalho. São diversas opções para quem busca iniciar sua carreira neste setor que já é tão amplo e tende crescer ainda mais.
Listamos as opções mais comuns atualmente e que estão em crescimento, tendo potencial ainda maior para os próximos anos.
Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação
Conhecido também como PD&I, esta área é a responsável por, como o próprio nome deixa claro, buscar novidades no setor. Existe opção de trabalho em universidades, grandes empresas ou em Institutos de Ciência e Tecnologia (ICTs).
Desta forma, o profissional trabalhará na procura por soluções biotecnológicas inovadoras com o foco que a empresa determinar ou, em caso acadêmico/empreendedor, no que achar mais viável para sua própria carreira.
Uma outra opção em PD&I é atuar em laboratórios compartilhados e que executam projetos sob demanda, como no Open Lab do BiotechTown.
Área acadêmica
Uma das escolhas é seguir carreira acadêmica, como Professor de Faculdades e Universidades. Neste caso o biotecnologista terá como função lecionar para novos estudantes e, para isso, precisará cursar a pós-graduação stricto sensu.
Empreendedorismo
Para aqueles que possuem uma ideia disruptiva, existe a opção de iniciar uma startup na área. O setor de biotecnologia tem crescido de maneira muito forte e tende a continuar aumentando seus investimentos em startups.
Conheça aqui exemplos de startups que atuam nos mais diversos campos da biotecnologia.
Indústria de alimentos e bebidas
O biotecnologista tem muitas oportunidades na área industrial e uma das principais é nos setores de alimentos ou de bebidas. Nesta área, as principais atividades são coletar e preparar amostras dos alimentos ou das bebidas para análise, a própria análise em si, efetuar o controle de qualidade ou até mesmo o desenvolvimento de novas combinações para composição.
O profissional biotecnológico com foco em alimentos e bebidas pode também, por exemplo, na produção de leveduras líquidas para cervejas.
Indústria farmacêutica
Na indústria farmacêutica, o profissional é responsável por atividades como manufatura de medicamentos e vacinas, além de kits para diagnósticos; controle de qualidade de processos produtivos; e pesquisa de novas substâncias e compostos.
Regulamentação biotecnológica
Existem duas opções para os especialistas em regulamentação biotecnológica: trabalhar nos órgãos regulatórios ou ser um consultor para novos negócios que estão em fase de regulamentação de suas estruturas ou produtos. Esta segunda opção também abre possibilidades em plantas produtivas que são abertas a terceiros, como o Contract Manufacturing Organization do BiotechTown.
Análises clínicas
No setor laboratorial de análises clínicas, a principal função é analisar amostras de material (como sangue, fezes e urina) e fornecer os dados para que os médicos façam a interpretação dos mesmos.
Agronegócio
O agronegócio também oferece diferentes oportunidades com foco em biotecnologia. Além de trabalhar com o controle biológico e a geração de novas formas de combate às pragas das plantações, o biotecnologista tem também papel importante na pesquisa de alimentos transgênicos.
Aceleradoras e incubadoras
O profissional especialista em biotecnologia pode também trabalhar como agente de desenvolvimento de negócios em aceleradoras ou incubadoras, prestando mentorias e auxiliando empreendedores ou empresas a evoluírem neste segmento.
O Programa de Desenvolvimento de Negócios do BiotechTown, por exemplo, é exclusivo para startups das áreas de biotecnologia e ciências da vida. Desta forma, os agentes de desenvolvimento de negócio do hub são todos especialistas neste setor.
Tendências do mercado
O mercado de biotecnologia está cada vez mais aquecido. De acordo com um relatório do Grand View Reserch, o mercado global de biotecnologia era avaliado em U$752,8 bilhões em 2020 e o aumento esperado para 2021 era de 15,8%, totalizando U$871,7 bilhões neste ano.
Ainda conforme o relatório, este aumento anual se manterá até 2028, quando o mercado pode atingir incríveis U$2,43 trilhões. Este aumento se dá pelo crescimento de iniciativas biotecnologias em países em desenvolvimento, como o Brasil.
No Brasil, o crescimento do setor acompanha a tendência global e a biotecnologia é considerada prioridade estratégica desde 2003. Em 2007 foi criado pelo Governo Federal o decreto Nº 6.041 que estabeleceu a Política de Desenvolvimento da Biotecnologia.
Segundo o Mapa Profissão Biotec, em junho de 2021 havia 547 negócios do setor no país, sendo 308 empresas nacionais, 84 multinacionais e 155 startups.
Outro fator que representa a valorização da biotecnologia são as instituições que investem no setor. O BiotechTown, por exemplo, é um hub de inovação voltado exclusivamente para o desenvolvimento de empresas e negócios em biotecnologia e ciências da vida. Além de investir e acelerar startups que sejam voltadas para estas áreas, o hub de inovação oferece ao ecossistema estruturas laboratorial e produtiva.
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