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Como reduzir o custo e o tempo de produção na indústria da saúde
17/06/2021

Como reduzir o custo e o tempo de produção na indústria da saúde
17/06/2021

Por  Lucas Almeida

Entenda porque a indústria da saúde dispende de tanto investimento de tempo e recursos e quais são as principais maneiras de sobrepor estes obstáculos

 

A engenharia de produção como fator competitivo

A competitividade industrial deu grandes saltos no último século enquanto os mercados foram se tornando cada vez mais globalizados e conforme períodos de escassez de recursos impunham a necessidade de diferentes técnicas de produção. Novos métodos de gerenciamento da produção emergiram à medida que a exigência de redução de custos e melhoria da qualidade se apresentavam às indústrias de todos os setores ao redor do planeta.

Talvez os principais exemplos de evolução nesta área venham da indústria automotiva, reconhecida pela complexidade nos processos, pela alta demanda do mercado e pela intensidade de alocação de capital. Sistemas como o Fordismo e o modelo Toyota de produção viraram referência em técnicas de otimização de recursos, inspirando indústrias de todo o mundo a observarem seus processos de maneira cada vez mais crítica em busca de aperfeiçoamento constante.

Tais sistemas forneceram uma série de ferramentas de gestão facilmente replicáveis em diversos setores e mercados como o têxtil e a indústria de eletrônicos hoje se beneficiam da aplicação desse conhecimento em suas fábricas. No entanto, ainda é possível observar alguns segmentos de produtos onde a adoção das técnicas de manufatura mais avançadas acontece em um ritmo mais lento e apresenta maiores desafios. Podemos tirar bons exemplos desses setores mais desafiadores ao olhar as indústrias de produtos para a área da saúde.

 

Por que é tão difícil aperfeiçoar processos produtivos na indústria de produtos para a saúde?

A característica determinante para compreender os desafios de aperfeiçoamento em indústrias que fabricam produtos para a área da saúde está relacionada à necessidade de atender as resoluções regulatórias estabelecidas por órgãos de vigilância sanitária, como a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) ou o MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento). Em todo o mundo, exigências a serem cumpridas por esse setor são denominadas Boas Práticas de Fabricação (BPF).

Os princípios de BPF existem para garantir que produtos relacionados à saúde humana e animal sejam fabricados de maneira segura, determinando um nível de qualidade mínimo para que nenhuma fábrica coloque em risco a vida de seus consumidores. Riscos como contaminação cruzada, contaminação por partículas e troca ou mistura de produto são minimizados a partir do momento que se estabelece um padrão básico de processos produtivos a serem seguidos.

Essa característica, no entanto, levou a uma estruturação produtiva baseada no atendimento aos requisitos de qualidade e segurança que são naturalmente avessos a mudanças e aperfeiçoamento. Fugir de um padrão já provado como seguro e aprovado pelos órgãos reguladores é um risco que poucos gerentes industriais que atuam nesse setor estão dispostos a correr.

Quando sistemas como o Lean Manufacturing, que pressupõe aperfeiçoamento contínuo, se apresentam a indústrias estruturadas com esse tipo de pensamento, eles encontram uma enorme barreira de entrada, o que é especialmente crítico em indústrias como a farmacêutica, que possui parte dos preços de mercado tabelados pelo governo. Nesses casos, só se melhora a margem de lucro a partir da redução de custos.

 

Como reduzir custos produtivos em um cenário como este?

Obter ganhos por meio da redução de desperdício nas indústrias de produtos para a saúde não é um desafio intransponível. Existem diversas fases do processo de fabricação de um produto para área da saúde que podem ser trabalhadas visando a economia de tempo, a melhoria da qualidade e evitando retrabalho. Separamos três linhas de atuação possíveis para desenvolver técnicas de produção mais eficientes e inspirar gestores industriais que atuam no setor:

 

P&D com foco em manufatura

Uma vez iniciada a produção, é desafiador implantar novos procedimentos mais eficientes, correto? Então o esforço para começar da maneira mais eficiente possível deve ser tão maior quanto for viável.

Por meio da integração do setor de gestão industrial com o setor de P&D e o de qualidade ainda na fase de projeto do produto, deve-se buscar o melhor equilíbrio entre o atendimento das características técnicas ideais do produto e o atendimento aos requisitos de segurança, mas sem deixar de lado a compreensão das melhores técnicas para otimizar a manufatura dos produtos.

Aspectos como a definição dos fornecedores de matéria-prima, processos de fabricação e logísticos relacionados aos materiais previstos para a produção e etapas produtivas inerentes a diferentes linhas tecnológicas viáveis para obtenção do produto final devem ser discutidas de maneira multidisciplinar e levar em consideração a otimização da produção.

 

Foco no PPCP

O setor de PPCP (planejamento, programação e controle da produção) é a área responsável por determinar o que, quando e em que ritmo será produzido dentro de uma fábrica. Atuando sem necessariamente influenciar na execução dos processos produtivos, o PPCP pode otimizar e muito a eficiência produtiva sem causar nenhum tipo de alteração nos procedimentos já classificados como seguros pelos órgãos reguladores.

É função do setor, por exemplo, estabelecer junto ao Comercial as necessidades e previsões de produção para curto, médio e longo prazo, de forma a preparar melhor os recursos – humanos, fabris e financeiros – para atender dentro dos prazos e padrões estipulados. Com base nesse tipo de informação é possível também orientar setores como o de Compras, o Financeiro e o Departamento Pessoal nos contratos com fornecedores, prestadores de serviço e até variação sazonal de mão de obra produtiva.

A decisão sobre a sequência de produtos que será produzida, níveis de estoque ideais, lotes padrão de produção e ritmo de produção desejados são todos determinados por esse setor, que precisa ter papel estratégico dentro de qualquer indústria que deseja reduzir custos, e empresas de produtos para a área da saúde não fogem a essa regra. Como está estruturado seu setor de PPCP hoje?

 

Terceirização

Quando pensamos em uma planta produtiva dedicada a uma única linha de produtos correlatos pode ser simples encontrar maneiras de otimizar processos e reduzir desperdícios. No entanto, a realidade da indústria atualmente se mostra bem mais complexa, na medida que o portfólio de produtos de uma companhia tem se tornado cada vez mais diverso para que a mesma possua menor dependência de um único produto e consiga enfrentar melhor as oscilações mercadológicas impostas pelo mundo competitivo atual.

Sendo assim, é comum encontrar empresas com portfólios que contenham uma centena de produtos, todos produzidos na mesma unidade fabril, pelas mesmas linhas de produção, o que leva à necessidade de técnicas de gestão da produção muito mais avançadas para equacionar o planejamento produtivo com a demanda do mercado.

É nesse cenário que vem se tornando comum optar por processos de terceirização da fabricação de linhas de produto. Organizações como o CMO do BiotechTown se apresentam como saídas eficientes para indústrias como a de Diagnóstico In Vitro para escoar a fabricação daquelas linhas de produto existentes no portfólio que muitas vezes se apresentam como um elemento complexo na integração com o restante da demanda produtiva.

Além disso, plantas terceirizadas podem ser soluções para processos que estão estrangulados pela demanda na fábrica, especialmente em épocas onde a sazonalidade exige que vários produtos com processos similares sejam produzidos.

 

Conclusão

Trabalhar com otimização de processos fabris em indústrias de produtos para a saúde, apesar de um grande desafio, é um dos campos mais ricos em possibilidades ainda não exploradas pelos gerentes industriais exatamente pelas características inerentes ao mercado. Os riscos relacionados à falta de competitividade frente a concorrentes internacionais são maiores do que os riscos inerentes ao aperfeiçoamento de processos altamente regulados.

O processo de ganho de eficiência industrial começa pela mudança de mentalidade dos responsáveis pela gestão dos processos, à medida que procuram ficar cada vez mais desconfortáveis com a estagnação e principalmente com o declínio dos indicadores de eficiência.

Para conhecer mais sobre o assunto, te convidamos para conhecer a estrutura da nossa planta produtiva, uma das opções de terceirização citadas nesse artigo, por meio de um tour virtual.

 

Sobre o Autor

Lucas AlmeidaFormado em Design de Produto com pós-graduação em Engenharia de Produção, Lucas Almeida tem mais de oito anos de experiência trabalhando com gestão da inovação em empresas de consultoria reconhecidas no mercado.

Ao longo de sua carreira, atuou em projetos de inovação, criação de estratégias comerciais e auxiliou no desenvolvimento de startups.

 

 



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